Confesso que estou a atravessar uma enorme crise da meia-idade!
Não me conformo!
Não sei como mas existe uma grande lacuna na minha vida.
Sinto que passei dos 30 anos para os 50 com uma ausência de tempo inexplicável.
O meu espírito não condiz nem com a minha idade nem com o meu corpo.
Começo a não gostar do que vejo no espelho!!
Da minha infância não tenho grandes recordações e a minha adolescência foi muito reprimida, controlada, desesperadamente sufocada.
Faço parte da geração que casava cedo para se emancipar, ter a sua própria vida, só que esqueci-me que fugia do certo para o incerto e afinal continuava a depender ou, pior, a ter de partilhar tudo com alguém.
E a minha identidade e o meu “EU”?
Fui mãe também muito cedo, não por opção, aconteceu, contudo a melhor de todas as fases.
São a minha melhor e maior conquista. Amo muito, muito, muito os meus filhotes.
Sinto que dei tudo de mim.
- E o tempo vai passando como um sopro silencioso.
Despertei numa rajada mais forte, balancei, balançaram-me e vi que continuava a viver a vida que queriam que eu vivesse.
O meu “EU” continuava controlado, abafado... finalmente traído!!
…Ruptura…revolta…
Começar de novo!!
Agora estou na escuridão mas umas luzinhas ao fundo do túnel dizem-me o caminho.
Mais uma etapa me espera e os 30 já lá vão!
O que se segue é uma luta pela sobrevivência, pela estabilidade, económica, emocional…mas tenho dois grandes apoios; os meus filhos e agora os meus pais.
Contudo estou mais só que nunca nas minhas emoções.
- E o tempo foi passando impiedosamente apressado
roubando-me, vejo agora, os melhores anos da minha vida
roubando-me, vejo agora, os melhores anos da minha vida
Apesar de tudo valeu a pena porque consegui proporcionar os meus filhos o lugar que eles queriam e são o meu maior orgulho.
Encontrei o meu pilar de apoio e tenho finalmente tudo para ser feliz, para começar a viver um sonho… teria, não fosse esse meio século e mais um pouco que o espelho faz questão de me lembrar.
- E o tempo passa cruelmente rápido e a minha luz já não brilha.
Sempre que estou com os meus filhos queria muito ter agora a idade deles mas vejo, deprimida, que já andei mais de metade do que tinha para andar.
Passei pela maior parte da minha vida numa correria desenfreada esquecendo de me apreciar e agora reparo, desesperadamente, o melhor tempo passou!!!
Tenho medo de ser velha!
Tenho medo da solidão!
Tenho medo das perdas!
Já tenho medo de ter medo!!
Nos meus momentos de introspecção fico mais triste, depressiva e não aceito que entrei na linha descendente.
Queria muito que o tempo voltasse atrás, aproveitar melhor tudo o que não tive oportunidade, conduzir os meus dias de uma forma mais tranquila, absorver cada momento bom, que por uma razão ou outra não dei valor na altura certa.
Considero-me uma pessoa realizada mas com algumas frustrações pelo meio, parte delas, talvez sem tempo para resolver.
…não sei!!...
Mas o pior de tudo é que o tempo não para, avança e para meu desespero, cada vez mais rápido.
Nenhuma milésima de segundo é recuperável, nada, “recuperar o tempo perdido” é uma frase feita com a qual não concordo, de todo. Cada coisa tem o seu momento próprio e é sempre passado.
O que vai acontecer, as nossas escolhas, o que o destino nos reserva nunca será para recuperar tempo mas para acrescentar mais ao que já vivemos.
Não é a vida que passa por nós, somos nós que passamos pela vida.
Tem sido assim ao longo da existência e será assim até à eternidade.
Tenho medo da velhice!!
Não gosto do que vejo no espelho.
O tempo tem deixado “cicatrizes” no meu rosto, nas minhas mãos.
O tempo não apaga, pelo contrário, reforça e aprofunda as marcas da nossa vida!
E o tempo passou descontroladamente não sei por onde…
Tenho medo da velhice!!!!!
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